sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Seminário de Encerramento da Jornada 2015 do Obiah

Programação 
Obiah
Grupo Transdisciplinar de Estudos Interculturais da Linguagem
Realiza o Seminário de Encerramento da Jornada 2015
2 e 3 de março de 2016
Miniauditório Egídio Turch - Bl. Cora Coralina – piso superior da Faculdade de Letras/UFG

Dia 2
9h: Solenidade de abertura do Seminário/2015
Atividade cultural
10h: Conferência de Abertura do Seminário

12h: Almoço

14h: Mesa 1: Políticas Linguísticas, Práticas Sociais de Linguagem e Práticas de Letramento Escolar.
Bianca Gonçalves Oliveira e Talita Serafim Azevedo (G-Letras)
Simião Mendes Jr. e Matheus Ferreira Boscoli (G-Letras)
Alba Regiane dos Santos Ribeiro, Keitiany Silva Brito, Sônia Regina Borges Albernaz e Thayná Cavalcanti e Castro (G-Letras)
Luana Gomes dos Santos e Sandra Daniel de Oliveira (G-Letras)
Cássia Lustosa, Débora Fernanda Barbosa, Giovana Alves e Rosana Patrícia Alcântara (G-Letras)
Moderadora: Tânia Ferreira Rezende (D-PPGLL-FL/UFG)

15h40: intervalo

16h: Mesa 2: Políticas Linguísticas em Práticas de Letramento Escolar

Melissa Fernanda de O. da Mota (G-Letras)
Nunes Xavier da Silva (PPGLL-FL/UFG)
Moderadora: Ana Elizabete Barreira Machado (PPGLL-FL/UFG)
Informações: obiahpml@gmail.com
Dia 3
14h: Mesa 3: Atitudes Sociolinguísticas e Posturas Políticas Balizadoras das Práticas Sociais e Escolares de Linguagem
Ana Elizabete Barreira Machado (PPGLL-FL/UFG)
Maria de Lurdes Nazário (PPGLL-FL/UFG; D/UEG)
Pedro Augusto Lino Silva Costa (PPGLL-FL/UFG)
Moderadora: Maria de Lurdes Nazário (PPGLL-FL/UFG; D/UEG)

16h: Mesa 4: Políticas Brasileiras da Diversidade Linguística: resiliência e insurgência de práticas linguísticas
Hildomar José de Lima (PPGLL-FL/UFG)
Juan Alberto Castro Chacón (PPGLL-FL/UFG)
Monize Roberta Zanin (G-Letras)
Paulo Ricardo Dias Fernandes (PPGLL-FL/UFG)
Pedro Augusto Lino Silva Costa (PPGLL-FL/UFG)
Moderadora: Karla Alves de Araújo França Castanheira
Informações: obiahpml@gmail.com

RESUMOS DOS TRABALHOS

Dia 2

14h: Mesa 1: Políticas Linguísticas, Práticas Sociais de Linguagem e Práticas de Letramento Escolar. 

LÍNGUA COMO MARCADOR SOCIAL

OLIVEIRA, Bianca Gonçalves (G/UFG)
AZEVEDO, Talita Serafim (G/UFG)

A Sociolinguística estuda comunidades sociais em seus aspectos linguísticos e uma das frentes pode ser o estudo das línguas em contato social no momento de interação. Seja essa interação dada em uma mesma comunidade ou em comunidades diferentes. Sabe-se que cada indivíduo possui uma particularidade ao falar, porém algumas dessas peculiaridades, muitas vezes, se juntam a particularidades linguísticas de outros falantes por serem semelhantes em algum aspecto, essa semelhança de aspectos particulares da fala podem caracterizar um grupo social. Esta discussão tem por objetivo mostrar, por meio de um estudo sociolinguístico, como a língua é determinante na caracterização de grupos sociais pertencentes a uma comunidade. Para isso, pedimos a dois grupos de jovens, com vivências de realidade educacional diferente, que comentassem a respeito da própria rotina diária de maneira livre. Um dos grupos foi composto por jovens que estejam cursando o ensino médio, enquanto no outro grupo estão os jovens que já concluíram uma faculdade. O comentário dos jovens foi gravado e depois transcrito para fins de interpretação, pautada nos conceitos sociolinguísticos de Calvet (2007). A pesquisa resulta na evidência de que há diferenças entre a fala de pessoas que já concluíram o curso superior e pessoas que ainda estão cursando o ensino médio. Observou-se que o monitoramento na fala dos entrevistados já graduados acontece de forma marcada e com mais frequência, eles se preocupam mais em estabelecer concordância nas frases e usar as palavras conforme o padrão normativo da língua. Enquanto que na fala dos jovens que estão cursando o ensino médio o monitoramento é menor, eles utilizam a língua de forma mais espontânea. Isso não quer dizer que eles não levem em consideração o padrão normativo do português brasileiro, contudo, não se fiscalizam com tanta ênfase como os entrevistados de nível superior.

Palavras-chave: Grupo social, sociolinguística, marcadores sociais e jovens. 

AS TRANSIÇÕES DE ORTOGRAFIA DO PORTUGUÊS BRASILEIRO ATRAVÉS DAS POLÍTICAS LINGUÍSTICAS E DA LITERATURA

MENDES JR., Simião, (G/UFG)
BOSCOLI, Matheus Ferreira.(G/UFG)

A Ortografia Brasileira sofreu três grandes momentos nos últimos  cem anos. Já  há algum tempo os integrantes da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) tentam unificar as ortografias do PE com o PB. Desde Gonçalves Viana (1904) até o último acordo ortográfico em vigor desde janeiro de 2009, destacam-se de maneira fundamentalmente política os objetivos e os impactos sociais que as mudanças ortográficas - em seus variados e respectivos meios de veiculação – proporcionaram ao cotidiano, no decorrer do tempo. O objeto do estudo deste trabalho é analisar estas três mudanças principais partindo dos conceitos estudados sobre políticas linguísticas de Calvet (2007) e de obras da literatura brasileira de autores como José de Alencar, Lima Barreto e Mário de Andrade, destacando três momentos principais: a definição da ortografia nacional de 1904; a afirmação e busca da identidade nacional no romantismo de Alencar, no pré-modernismo de Barreto e no modernismo de Andrade (que constitui o afastamento do PB da influência europeia) e por fim, a nova reforma ortográfica que busca a reaproximação da ortografia com a justificativa de facilitar o processo de intercâmbio cultural e científico entre os países que falam Português, além de ampliar a divulgação do idioma e da literatura portuguesa.


A DIFICULDADE DE COMPREENSÃO DA ESCRITA OFICIAL DOS PARLAMENTARES
RIBEIRO, Alba Regiane dos Santos. (G/UFG)
    BRITO, Keitiany Silva. (G/UFG)
             ALBERNAZ, Sônia Regina Borges. (G/UFG)
              CASTRO, Thayná Cavalcanti e. (G/UFG)


O presente estudo de iniciação científica consiste em uma pesquisa de cunho sociolinguístico. Tem como tema “A dificuldade de compreensão da escrita oficial dos parlamentares”, nosso objetivo é analisar a utilização de termos rebuscados que dificultam a compreensão, o entendimento e o esclarecimento da informação veiculada pelos parlamentares. Esse trabalho vem mostrar que alguns textos não estão sendo compreendidos pelo povo, pelo fato de terem uma linguagem rebuscada, de difícil compreensão, são termos técnicos, verbetes desconhecidos, específicos da linguagem jurídica. A metodologia aplicada foi quantitativa, selecionamos um texto de um deputado, convidamos alguns alunos dos cursos de Letras, Jornalismo, Publicidade, Direito e Filosofia para lerem e responderem a um questionário registrando o nível de compreensão dos textos lidos, e as dificuldades encontradas. No resultado observou-se que a maioria dos entrevistados conseguiu compreender o texto, mas encontrou algumas dificuldades. Tivemos como fundamentação teórica os livros de Louis-Jean Calvet, “Sociolinguística” e “Políticas Linguísticas” e também os trabalhos de Ingedore Koch uma cientista da linguagem que aborda as questões que envolvem o discurso. Nesse sentido, esta pesquisa mostra o papel da língua como instrumento de poder, visto que ela pode incluir e/ou excluir àqueles que não tem domínio da norma culta e da linguagem técnica. Nosso intuito é discutir a intenção no uso dessa linguagem que deveria informar o povo brasileiro, enfatizando que o tema é interdisciplinar, atual e interfere diretamente na sociedade.


A DEMOCRATIZAÇÃO DA ESCRITA NAS REDES SOCIAIS

SANTOS, Luana Gomes dos (G/UFG)
OLIVEIRA, Sandra Daniel de (G/UFG)

A internet tem possibilitado o acesso à informação de forma cada vez mais rápida e indiscriminada por pessoas de diferentes classes sociais, credo, cultura, idade, sexo. As redes sociais têm sido diariamente usadas como plataforma de encontro entre pessoas, possibilitando a exposição de opiniões, críticas, posicionamentos etc. Um processo democrático da escrita tem sido confirmado através da maior liberdade de expressão dos usuários desta ferramenta, não somente aos cidadãos comuns, mas também às figuras públicas que possuem representatividade na sociedade (como políticos, artistas) que, em outros ambientes, sempre aparecem com uma postura mais formal devido as suas profissões. Assim, ao optar pelas redes sociais, o usuário tem a liberdade de escrever com um estilo casual ou monitorado, o que, como notamos, será determinado pelo tema tratado. Portanto, o objeto de estudo desta pesquisa são as publicações de figuras publicas brasileiras, considerando seus textos escritos em jornais online, blogs e redes sociais - Facebook, Instagram, Twitter.  Já que se trata de um tema que ainda não foi abordado nos estudos sociolinguísticos, há pouco material teórico que trate do assunto impedindo um maior aprofundamento no tema. Portanto, através da análise, a priori, o que se confirma com este trabalho é a real existência de uma maior liberdade de expressão exercida nas redes sociais, tornando, desta forma, concreto o regime “democracia” na escrita digital.  

                    
O ENSINO UNIVERSITÁRIO PARA A FORMAÇÃO DO PENSAMENTO CRÍTICO
                                           
                                           Cássia Lustosa, Débora Fernanda, Giovana Alves e Rosana Patrícia (G/UFG)                                                                        

Este trabalho apresenta resultados da pesquisa-piloto realizada como o objetivo de discutir sobre ‘’o uso da língua na formação do pensamento crítico’’ por parte de professores universitários, restrito ao espaço da UFG. Para isso, foi aplicado um questionário a estudantes universitários de licenciatura e bacharelado, com perguntas sobre a sua percepção com relação à postura dos professores e da universidade em referência à construção do pensamento crítico. Para a interpretação dos resultados, nos baseamos em CALVET (2002), CALVET (2007) e MORIN (2003). O objetivo do presente estudo é verificar como os alunos percebem a formação do pensamento crítico e se eles se sentem habilitados e  influenciados a utilizarem  desse mesmo mecanismo em sua futura função profissional.



16h: Mesa 2: Políticas Linguísticas em Práticas de Letramento Escolar


POLÍTICAS LINGUÍSTICAS NA AUSTRÁLIA EM RELAÇÃO AOS ABORÍGENES E SEUS IDIOMAS NATIVOS
MOTA, Melissa Fernanda de Oliveira da. (G/UFG)

A Austrália é um país colonizado por europeus que, como fizeram em outros países, massacrou os nativos daquela terra e resumiram os povos aborígenes a pequenos e isolados grupos. Muitos anos depois da homogeneização da língua inglesa no território australiano, iniciou-se um movimento de reconhecimento da cultura aborígene como também um sentimento de reconhecimento de culpa pela tomada de posse das terras daqueles povos. Entretanto, precisamos nos perguntar de que forma tal reconhecimento é feito e em que os descendentes de nativos são favorecidos com tais políticas.  Portanto, com base em teorias sociolinguísticas e tomando por partida uma experiência particular de uma visita à Austrália, este ensaio busca compreender as políticas linguísticas utilizadas para dar cabo a esse processo: que forma tais políticas foram implantadas; em que elas favorecem os aborígenes; e até que ponto a população australiana conhece a origem de nomes aborígenes de ruas cidades e lugares.


POLÍTICAS LINGUÍSTICAS E PLANEJAMENTO EDUCACIONAL EM ARUANÃ – GO

SILVA, Nunes Xavier da. (PPGLL/UFG)

Este resumo objetiva problematizar a situação de alunas e alunos indígenas Iny de Aruanã - Goiás, das Aldeias Buridina e Budburè.  Estes alunos estão distribuídos nas escolas municipais e estaduais deste município, percebe-se que um dos principais problemas para o exercício da aprendizagem destes educandos é a não compreensão da língua portuguesa, pois os professores municipais e estaduais não falam Iny, e isso gera um grande problema no processo de ensino/aprendizagem. A Língua Portuguesa é a segunda língua deste povo. Isso é mais forte com os indígenas que estão em fase de alfabetização nas escolas municipais. É notório que as Políticas Públicas não estão dando o atendimento necessário para que este povo tenha uma educação digna, com qualidade, dentro de seu contexto sociocultural, não está havendo Planejamento Educacional voltado a este povo. A presença de alunos indígenas nas escolas de Aruanã, no ano de 2015, é: Escola Municipal Darcy Bandeira de Melo, 4 alunos indígenas matriculados; Escola Municipal Pedro Ludovico Teixeira, 24 alunos indígenas matriculados; as escolas municipais oferecem o ensino fundamental. Colégio Estadual Dom Cândido Penso, possui 22 alunos indígenas matriculados de 6º ano ao 3º do ensino médio; e Escola Estadual Indígena Mauheri, em que dos 56 alunos matriculados, 23 indígenas. ;diante desse quadro, entendemos que Aruanã necessita com urgência de uma Política Linguística que consiga atender as necessidades de estudantes indígenas e não indígenas.

Palavras-chave: Karajá. Políticas Linguísticas.Planejamento Educacional.



Dia 3
14h: Mesa 3: Atitudes Sociolinguísticas e Posturas Políticas Balizadoras das Práticas Sociais e Escolares de Linguagem


POSTURAS SOCIOLINGUÍSTICAS DECOLONIAIS DO POVO TAPUIA DO CARRETÃO

MACHADO, Ana Elizabete Barreira (PPGLL/UFG)

O Povo Tapuia do Carretão é um povo indígena de Goiás, descendente dos povos que foram aldeados no Aldeamento Pedro III, no século XVIII, próximo à região onde hoje se encontram os municípios de Rubiataba e Nova América. Nesse aldeamento, também chamado de Carretão, foram aldeados Xavante, Kaiapó, Karajá/Javaé e negros escravizados que haviam fugido de fazendas próximas à região. Após décadas de lutas por suas terras, as e os Tapuia conseguiram a homologação da Terra Indígena Carretão no ano de 1999. Mesmo com sua terra homologada, eles e elas passam por questionamento de sua identidade por meio de imagens de controle impostas a elas e eles, principalmente quanto ao fenótipo e quanto à língua. A partir dessas imagens de controle impostas a eles e elas, o Povo Tapuia ao longo do tempo elabora posturas responsivas para manter preservados os seus direitos e/ou consegui-los. Neste trabalho, as posturas políticas tomadas coletivamente com relação à questão linguística, nomeamos de posturas sociolinguísticas. Temos o objetivo de problematizar essas posturas sociolinguísticas como posturas decoloniais dos e das Tapuia a partir da interpretação de suas reações frente às imagens de controle de indígena historicamente impostas ao Povo Tapuia. Tendo como pressuposto a Sociolinguística Crítica de Calvet (2012) de que “o objeto de estudo da linguística não é apenas a língua ou as línguas, mas a comunidade social sob seu aspecto linguístico.”, nossa pesquisa também pretende apresentar a intepretação dos dados gerados a partir do paradigma da Decolonialidade.


Palavras-chave: Povo Tapuia; Postura sociolinguística; Decolonialidade.



ATITUDES SOCIAIS E ETNOLINGUÍSTICAS DO POVO INDÍGENA TAPUIA DO CARRETÃO (GO) EM RELAÇÃO A SUA IDENTIDADE INDÍGENA

NAZÁRIO, Maria de Lurdes (PPGLL-FL/UFG; D/UEG)

Na pesquisa, problematizamos as atitudes sociais e etnolinguísticas do Tapuia em relação a sua identidade indígena tão questionada, colocando em foco os impactos das ações da licenciatura em Educação Intercultural da UFG nessa comunidade. Identificamos um tempo quase sempre referido no passado de insatisfação, de falta de tranquilidade por conta das cobranças e das dúvidas em relação a sua identidade sendo falantes do português tapuia e com fenótipo afro, da vergonha em se assumir, da baixa autoestima, do sofrimento, da falta de confiança, da negação, e, especialmente, da falta de argumentos para combater tudo isso. Entretanto, considerando que “todo ser se desenvolve (ou se transforma) dentro de si mesmo, no jogo de suas contradições.” (FREIRE, 1987, p. 57), entendemos que o Tapuia, com o movimento de conscientização de suas contradições, que se iniciou por meio das ações dos professores em formação, tem modificado sua realidade com o objetivo de mudar a situação de autodesvalia. Interpretamos assim que suas atitudes em relação a sua identidade estão em transformação por conta dos novos conhecimentos, crenças, sentimentos e outras possíveis reações que se forjaram no contexto de formação dos professores, potencializando o enfrentamento da realidade opressora e possibilitando uma atitude de assumência de sua identidade indígena e um sentimento de valorização do português tapuia como sua língua materna.


Palavras-Chave: Atitudes. Povo Tapuia. Assumência Identitária.



O TRATAMENTO DA DIVERSIDADE LINGUÍSTICO-CULTURAL E AS ATITUDES SOCIOLINGUÍSTICAS NUMA ESCOLA PÚBLICA

 COSTA, Pedro Augusto Lino Silva (PPGLL/UFG)

A presente pesquisa buscou verificar em uma escola quilombola como é e como se manifesta o tratamento da diversidade linguístico-cultural e se esse tratamento se reflete e influencia as atitudes sociolinguísticas dos sujeitos do ensino e da aprendizagem de Português, principalmente, mas não exclusivamente nas e sobre as práticas escritas em sala de aula. Com esta investigação, pretendemos contribuir verificando como se dá o tratamento da diversidade linguístico-cultural e quais são as atitudes sociolinguísticas dos sujeitos do ensino e da aprendizagem de Língua Portuguesa, agora em outra realidade, também intercultural e complexa: a escola pública de educação básica localizada no quilombo urbano Jardim Cascata, já referenciado. Foi objetivo de nossa pesquisa verificar qual o tratamento dado à diversidade linguístico-cultural pelos(as) professores(as) e como os alunos lidam com essa diversidade. Bem como, analisar como as atitudes sociolinguísticas de professores(as) e alunos(as) impactam e direcionam o tratamento da diversidade. Para concretizar os objetivos dessa investigação, fizemos uma pesquisa do tipo etnográfica. Fizemos também um estudo bibliográfico sobre o tema da pesquisa para o embasamento deste estudo. A partir de nossas investigações foi possível refletir a respeito do tratamento da diversidade linguístico-cultural na escola. Identificamos que o discurso oficial da escola está articulado com os documentos oficiais que regem o ensino básico no país e a educação quilombola. No entanto, não encontramos na escola, de forma clara, práticas como as sugeridas pelo PCN. Ao analisar o PPP da escola e as observações feitas em sala de aula, podemos perceber que existe uma lacuna. O fato do PPP ser muito vago pode explicar a ausência dessas práticas na sala de aula. Práticas que são importantes para formação do(a) aluno(a), especialmente, já que se trata de uma escola quilombola, em que a sugestão de trabalho levando em conta os aspectos culturais é ainda mais contundente.

16h: Mesa 4: Políticas Brasileiras da Diversidade Linguística: resiliência e insurgência de práticas linguísticas

FUNCIONALIDADE DO SISTEMA BRASILEIRO DE ESCRITA DE SINAIS –ELiS APLICADO À LÍNGUA DE SINAIS BRASILEIRA

LIMA, Hildomar José de. (PPGLL/D/UFG)

O Sistema Brasileiro de Escrita de Sinais (ELiS) é uma proposta de escrita para as línguas de sinais apresentado pela pesquisadora brasileira Mariângela Estelita Barros em 1997, que caracteriza-se especialmente por considerar a natureza visual e espacial na organização das línguas sinalizadas, sobretudo da LSB que serviu como matriz dessa proposta (BARROS, 1997). Este projeto de pesquisa tem como objetivo sistematizar observações de análises sobre o Sistema ELiS. Observar-se-á se esse sistema é suficiente para representar a Língua de Sinais Brasileira (LSB), especialmente no que se refere às elaborações em que dois sinais são produzidos simultaneamente. Esta pesquisa será de cunho qualitativo e a metodologia seguirá, inicialmente, as orientações da etnografia. O corpus se constituirá de narrativas livres, coletadas em contextos espontâneos de uso da LSB. Espera-se que esta pesquisa traga contribuições teóricas na área da linguística, sobretudo no que se refere ao estudo de um sistema para a escrita da LSB, bem como direcionar novos vieses de investigações. No âmbito educacional, deseja-se que este estudo contribua para a sistematização de novas propostas de políticas públicas voltadas à formação de professores bilíngues para atuarem na educação de surdos, especialmente pensando em ações que garantam ao surdo o direito de ser alfabetizado em sua própria língua, conforme previsto na Declaração Universal dos Direitos Linguísticos (UNESCO, 1996). Almeja-se também que esta investigação possibilite aplicar as regras sistematizadas da ELiS e avaliar a necessidade de ajustes dessas regras ou mesmo acrescentar caracteres para, em seguida, continuar o trabalho de difusão da ELiS como forma legítima de representação escrita da LSB.
Palavras-chave: Libras, Escrita de Sinais, surdos.

POLÍTICAS PÚBLICAS DE ACESSO À LEITURA: A ESTRATIFICAÇÃO CULTURAL DA BAHIA EM CONSEQUÊNCIA DA COLONIALIDADE NO BRASIL

CHACÓN, Juan Alberto Castro. (PPGLL/UFG)

Em vista do contraste intelectual que se tem visto nos últimos anos no Brasil, como espaço de desenvolvimento cultural, esta pesquisa tenta demonstrar até que ponto esse fenômeno social derivaria de uma equívoca interpretação entre alfabetização e letramento (KLEIMAN, 2007), e/ou de uma estrutura sociocultural mais complexa como é a fixação da colonialidade (FANON, 2011). Por sua vez, as políticas públicas de acesso à leitura, como mediadoras do processo aprender/saber/intelectualizar estariam estratificadas de acordo com interesses de dominação, parecidos àqueles que eram desenvolvidos no Brasil da Coroa portuguesa, contrariando, assim, aos seus discursos propagandísticos de inclusão social. Como consequência de tais práticas, não haveria uma hegemonia na distribuição de políticas contribuintes com o desenvolvimento intelectual em todo o território brasileiro, mas a reafirmação dos centros urbanos citadinos como estruturas sociais detentoras de poder (BOURDIEU, 2011). Além disso, essas práticas fomentariam a cristalização de estereótipos (BHABHA, 2013) entre as populações menos favorecidas no acesso à leitura, mascarando o constante discurso da segregação cultural. Assim, em nossa investigação recorremos aos estudos de arquivos historiográficos e pesquisas documentárias institucionais públicas, tomando como referência o estado da Bahia. Enfatizamos o estado nordestino porque é neste espaço sociocultural que começou a história do Brasil, como território português ultramarino, e que, curiosamente, é um dos pontos estereotipados na questão da cultura brasileira contemporânea.




O ENSINO DE ITALIANO COMO LÍNGUA DE HERANÇA EM NOVA VENEZA

ZANIN, Monize Roberta (G/UFG)

Contexto: Nova Veneza é uma pequena cidade goiana fundada por irmãos italianos e, por isso, tem como característica uma intensa influência da cultura italiana em suas representações sociais. O ensino de italiano foi implantado nas escolas da rede municipal que, devido a forte identificação cultural pelos moradores da cidade, configura-se como ensino de uma língua de herança. Objetivo principal da proposta de estudos é problematizar os impactos do ensino de italiano como língua de herança na Rede Municipal de Ensino de Nova Veneza. De forma específica, objetivamos recuperar a história de construção da proposta de ensino de italiano na rede municipal de ensino de Nova Veneza; levantar informações sobre como se dá o ensino de italiano na Rede Municipal; verificar se o fato de o italiano ser língua de herança em Nova Veneza influencia o aprendizado dos alunos; observar como o ensino de italiano pode contribuir na conservação e valorização da cultura local; contribuir com as ações de ensino que possam auxiliar no aprendizado dos alunos da Rede Municipal. A pesquisa pode contribuir para o desenvolvimento de maiores conhecimentos sobre o aprendizado de uma língua de herança e ressaltar sua relevância e, além disso, auxiliar na melhoria da prática pedagógica no ensino de italiano.


UMA ANÁLISE SOBRE O USO DE VOCÊ EM EVENTOS SOCIOCOMUNICATIVOS FORMAIS

FERNANDES, Paulo Ricardo Dias. (PPGLL/UFG)

O projeto de dissertação propõe-se a analisar o pronome você em contextos formais de uso, enquadra-se em uma perspectiva da Sociolinguística Interacional. Seguirá orientação etnográfica e utilizará também a Análise da Conversação para transcrição de dados. A interpretação do corpus tornar-se-á possível por meio do embasamento teórico em relação aos trabalhos de Loregian-Penkal (2004), Said Ali (1964), Kerbrat-Orecchioni (2006), Tannen (1997), Gumperz (2007), Goodwin e Duranti (1992), Brandão (1997), Modesto (2007), Orlandi (2009), os quais apresentam conceitos para essa forma de tratamento, além da noção de contexto, interação e formalidade, essenciais à temática da pesquisa.
Palavras-chave: Formas de tratamento. Contexto. Formalidade. 





PADRÕES CULTOS DO PORTUGUÊS BRASILEIRO: A NORMA CULTA DO PORTUGUÊS QUILOMBOLA

 COSTA, Pedro Augusto Lino Silva (PPGLL/UFG)

Este projeto de pesquisa objetiva problematizar a noção de “norma padrão” e a exigência de “escrita na norma padrão”, constantes das instruções dos exames de seleções públicas, no Brasil. Com base em experiências com escolarização de grupos minorizados, defendemos a existência de mais de uma “norma padrão” do português brasileiro escrito, considerando como “norma padrão” a escrita próxima às regras gramaticais prescritas para a língua portuguesa; e que tais normas não são aceitas pela escola e pelas seleções públicas, por receberem avaliação social negativa (WEINREICH; LABOV; HERZOG, 2006 [1968]). Para contribuir com a visibilização das diferentes normas do português escrito padrão, pretendemos estudar os princípios de textualidade de narrativas tradicionais quilombolas e de práticas sociais e escolares de escrita de cidadãos/ãs e estudantes quilombolas, a fim de verificar o grau de proximidade entre a escrita quilombola e a “norma padrão” do português. Segue-se nos estudos da escrita quilombola os pressupostos teóricos e os postulados metodológicos da Linguística Textual brasileira (KOCH, 2004; MARCUSCHI, 2010). Os dados para este estudo serão gerados através de pesquisa etnográfica, com a vivência das situações de produção dos textos, a partir da recolha de textos escritos em práticas sociais e escolares e da gravação das narrativas orais. Esperamos com este projeto trazer à tona essa importante discussão, especialmente, para que sejam valorizadas as múltiplas normas cultas, em detrimento de uma única norma que acaba por excluir justamente os grupos sociais amparados pelas políticas de inclusão. Mesmo regiões inteiras, como o Centro-Oeste e o Norte, são excluídas por uma proposta de uma única “norma padrão”, já que as principais pesquisas que definem qual é e como é a “norma padrão” da língua portuguesa priorizaram as práticas sociolinguísticas consideradas cultas de São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Salvador e Recife (NASCENTES, 1944; CÂMARA JR., 1972; CASTILHO, 2010).